Todos os sons que você ouve geram frequências, medidas em hertz (ciclos vibratórios por segundo).
Quanto maior a frequência, maior a altura, ou seja, mais agudo será o som; e quanto menor, mais grave ele será. Esses sons que trazem alturas bem definidas são chamados de “notas musicais”.
O nosso cérebro, desde a infância – ou até desde o útero materno –, já é habituado a reconhecer esses sons como notas.
Elas podem ter tido origem a partir da execução de um instrumento musical, pela melodia entoada por um ou mais cantores, ou mesmo pela música tocada no seu streaming favorito.
Em toda canção, de fato, existe um conjunto de notas musicais organizadas dentro de um determinado padrão rítmico, melódico e harmônico.
É muito diferente, portanto, dos sons aleatórios que escutamos no dia a dia, os quais se apresentam sem lógica ou organização específica e não têm a altura muito bem definida.
É o caso, por exemplo, do roncar do motor da moto, do rangido da porta ao abrir, do som do liquidificador, e por aí vai.
Sem dúvida, eles produzem muito volume – que é diferente de “altura” –, mas podem ser traduzidos apenas como “barulho”. Trata-se de uma bagunça sonora caótica, sem um objetivo. Então, não podemos, neste caso, falar em “notas musicais”.
Ao longo deste artigo, iremos nos aprofundar um pouquinho mais sobre esse tema, mostrar aspectos históricos das notas musicais, suas diferentes denominações e um pouquinho de teoria musical acerca do tema.
Vamos lá?
Notas musicais na história
Durante a sua infância, os seus pais ou mesmo as “tias” da escola devem ter dito que as notas musicais são sete: Dó, Re, Mi, Fa, Sol, La e Si.
Estas denominações têm origem na Idade Média. Na época, o monge italiano Guido d’Arezzo, a partir dos versos em latim do Hino a São João Batista, criou a primeira nomenclatura das alturas dos sons, já bem próxima do que aprendemos. Confira:
Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solve polluti
Labii reatum
Sancte Ioannes
Como você pode perceber, a nota Dó aparece escrita como “Ut”. Quem a transformou na denominação atual foi o músico italiano Giovani Doni, no século XVII, utilizando a sílaba do seu próprio sobrenome.
O motivo é que seria mais fácil pronunciá-la no canto, pelo fato de terminar em uma vogal.
Já o “Si” foi retirado das iniciais de “São João” em latim.
Um jeito diferente de representar as notas musicais
Curiosamente, em países anglo-saxônicos tais notas musicais são representadas por letras, as quais também são utilizadas no mundo inteiro para cifragem de acordes. Veja:
Dó = C
Re = D
Mi = E
Fa = F
Sol = G
La = A
Si = B (ou “H”, se for em alemão)
Caso não esteja habituado a esse sistema com letras, é possível que você tenha estranhado a ordem acima. Mas há uma razão para isso.
A nota La com altura de 440 Hz é normalmente utilizada como base para afinação de instrumentos. Por isso, está representada com a primeira letra do alfabeto.
Sete ou 12 notas musicais?
Até o momento, falamos em sete notas musicais, certo? Na teoria musical, elas formam a chamada escala diatônica maior ou escala natural:
Porém, existem, ainda, outras cinco notas intermediárias, perfazendo 12 no total e formando a chamada “escala cromática”. Confira:
Veja que, na primeira partitura, há uma escala cromática ascendente, pois as figuras musicais são colocadas graficamente como se estivessem subindo uma escada.
Há, no caso, a inserção de sustenidos, considerados na teoria musical como “acidentes” e responsáveis por aumentar a altura da nota em um semitom (ou meio tom).
Os intervalos de Mi para Fa e de Si para Do são de um semitom. Por esta razão, não há acidentes entre essas notas, na formação da escala cromática.
Já na segunda partitura, perceba que as notas descem na pauta. É a escala cromática descendente. Os acidentes são os bemóis, representados por um “b” minúsculo. A função do bemol é diminuir a altura da nota em meio tom.
Colocando todas essas notas de ambos os exemplos fora da partitura, fica assim:
Dó – Dó# – Re – Re# – Mi – Fa – Fa# – Sol – Sol# – La – La# – Si – Dó
Dó – Si – Sib – La – Lab – Sol – Solb – Fa – Mi – Mib – Re – Reb – Dó
Você deve estar se perguntando: “Mas se vemos cinco bemóis e cinco sustenidos, não seriam 10 notas a mais?”
Na realidade, não. Na prática, vemos que as cinco notas com sustenidos têm os seus correspondentes em bemóis, ou seja, possuem a mesma altura. Confira:
Dó# = Reb
Re# = Mib
Fa# = Solb
Sol# = Lab
La# = Sib
Frequências das notas musicais
Agora, veja a seguinte situação:
Acima, temos a nota Dó abaixo das cinco linhas da pauta musical e outra nota Dó já dentro da pauta.
O que significa isto?
Temos uma nota Dó mais grave e outra mais aguda, uma oitava acima. Se tocarmos o Dó grave e o agudo simultaneamente em um instrumento, iremos percebê-los como uma única nota.
Entretanto, ambos apresentam frequências diferentes. Lembra-se do que dissemos no início deste artigo? Quanto maior a frequência, mais aguda será a nota.
O Dó mais grave terá a metade da frequência daquele que estiver uma oitava acima. E esta premissa vale para qualquer nota musical.
Um piano comum, com 88 teclas, por exemplo, possui 8 “Dós” diferentes, ou seja, você consegue executar o Dó em cinco oitavas diferentes, do mais grave ao mais agudo. A cada oitava, a frequência dobra.
Veja como ficam as frequências (em hertz) em quatro ciclos de oitavas, tendo como base as teclas do piano:
Notas musicais | Frequência (Hz) |
---|---|
C 1 | 32,703194 |
C#1 | 34,647823 |
D 1 | 36,708096 |
D# 1 | 38,890873 |
E 1 | 41,203442 |
F 1 | 43,653526 |
F# 1 | 46,249302 |
G 1 | 48,999424 |
G# 1 | 51,91309 |
A 1 | 55,0 |
A# 1 | 58,270466 |
B 1 | 61,735416 |
********************************* | ******************** |
C 2 | 65,40638 |
C# 2 | 69,295647 |
D 2 | 73,416199 |
D# 2 | 77,781746 |
E 2 | 82,406876 |
F 2 | 87,307053 |
F# 2 | 92,498604 |
G 2 | 97,998848 |
G# 2 | 103,82618 |
A 2 | 110,0 |
A# 2 | 116,540947 |
B 2 | 123,470818 |
********************************* | ******************** |
C 3 | 130,812775 |
C# 3 | 138,591324 |
D 3 | 146,832367 |
D# 3 | 155,563492 |
E 3 | 164,813782 |
F 3 | 174,614105 |
F# 3 | 184,997208 |
G 3 | 195,997711 |
G# 3 | 207,652344 |
A 3 | 220,0 |
A# 3 | 233,081848 |
B 3 | 246,941635 |
********************************* | ******************** |
C 4 | 261,625519 |
C# 4 | 277,182648 |
D 4 | 293,664734 |
D# 4 | 311,126984 |
E 4 | 329,627533 |
F 4 | 349,228241 |
F# 4 | 369,994385 |
G 4 | 391,995392 |
G# 4 | 415,304688 |
A 4 (nota-base de afinação) | 440,0 |
A# 4 | 466,163788 |
B 4 | 493,883301 |
Notas finais
Se você quiser saber mais sobre as notas musicais e treinar sua percepção para reconhecer a altura de cada uma delas, vale a pena efetuar esse estudo juntamente com o aprendizado de um instrumento.
O violão, por exemplo, que é o mais popular e um dos mais acessíveis a estudantes, auxilia bastante. Ao conhecer a afinação das seis cordas e o intervalo de um semitom em cada casa, fica fácil dedilhar as notas musicais e descobrir suas respectivas alturas.
Caso tenha um piano ou teclado em casa, essa tarefa pode ser ainda mais simples.
Invista também no estudo das partituras, em especial o solfejo, cantarolando os intervalos entre as notas.
Aos poucos, sua musicalidade, afinação e conhecimento musical em geral irão aflorar naturalmente. Bons estudos e até a próxima!