Pauta musical: a base para os estudos de partituras

Na hora de aprender a cantar ou tocar um instrumento, muita gente gosta de focar apenas na técnica. A pauta musical, que contém todas aquelas figuras musicais e as claves, parece um bicho de sete cabeças, à primeira vista.

Mas calma! Não é preciso fugir a todo custo da leitura de partituras. E nem precisa ser um bicho de sete cabeças.

Saiba que é esse conhecimento que dá todo suporte ao seu aprendizado técnico.

E quando você começar a evoluir nesses estudos teóricos, certamente verá bons resultados em sua performance.

O que é a pauta musical?

pessoa apontando com lápis em um pauta musical

Uma pauta musical é composta de vários elementos, tendo como base o pentagrama, uma estrutura feita de cinco linhas e espaços entre elas.

Funciona como um suporte onde o compositor irá colocar todas as informações da música: o tom, a altura e a duração das notas, as harmonias, o ritmo e o andamento.

Em resumo, é na pauta musical que está a “escrita” da música. O registro das composições eruditas, vale frisar, é todo feito desta forma.

Afinal, o que seria de Mozart, Chopin, Bach, Beethoven e tantos outros, sem que todo o trabalho desses grandes nomes estivesse efetivamente registrado?

Entendendo a pauta musical

mulher tocando violão e aprendendo a cantar

Vamos, agora, esmiuçar um pouco mais sobre os elementos que são inseridos na pauta musical.

Sobre o pentagrama, sempre haverá uma clave, que pode ser de Sol, Fa ou Do. No primeiro caso, a clave indica a posição da nota Sol. Já a clave de Fa, mostra onde fica a nota Fa no pentagrama.

E a de Do, naturalmente, deixa explícita a posição da nota Do.

Grande parte dos instrumentos utilizam partituras com clave de Sol, como o violino, o violão e clarineta.

Também é a clave das vozes agudas, como tenor e soprano, sendo utilizada, ainda, em partituras para contraltos.

A clave de Fa, por sua vez, é a opção em partituras para instrumentos de registro grave, caso do trombone, violoncelo e contrabaixo.

Violas de orquestra, por fim, utilizam partituras com clave de Do.

Há instrumentos que precisam de duas claves, como o piano. A clave de Sol indica as notas executadas com a mão direita e a clave de Fa é voltada para as notas executadas com a mão esquerda.

Armadura de clave

armadura de clave na pauta musical

Temos, ainda, a armadura de clave, a qual é colocada logo ao lado da clave e aponta os acidentes constantes na pauta musical. São eles o bemol (b) e o sustenido (#).

Um Re bemol, por exemplo, corresponde a um semitom abaixo do Re. Já um Re sustenido indica um semitom acima do Re.

A armadura de Do maior – e, consequentemente, sua relativa, La menor – é a única que não contém acidentes.

Agora, vamos imaginar uma música em Fa maior. Veremos, na armadura, o bemol sobre a terceira linha do pentagrama, que se refere à nota Si. Isto significa que todas as notas Si que aparecerem na partitura em questão serão, na realidade, Si bemol.

Se o compositor quiser que algum Si seja executado sem o acidente, basta que ele insira uma figura chamada “bequadro” ao lado da nota, como mostra o exemplo a seguir:

Compasso musical

Imagem mostrando compasso musical

Logo ao lado da armadura, temos o compasso, representado por uma fração – 2/4, 3/4, 2/2 etc.

Ele pode ser simples, o qual, de acordo com a teoria francesa, traz uma subdivisão binária ou quaternária de seus tempos, segundo esclarece Bohumil Med, no livro Teoria da Música.

E pode ser composto. Temos, neste caso, a multiplicação do compasso simples pela fração 3/2. Assim, um compasso simples de 2/4, na versão composta se transforma em 6/8.

Lembre-se de que estamos falando da teoria francesa. A teoria alemã mostra conceitos um pouco diferentes, os quais não vamos detalhar aqui, para não tornar a explicação por demais complexa.

Na pauta musical existem também as barras de compasso, inseridas verticalmente e cuja função é dividir a canção em tempos iguais.

Então, por exemplo, num compasso de 2/4, o denominador indica qual a figura musical a ser usada como referência – no caso, a semínima –, enquanto o numerador aponta que serão necessárias duas semínimas para preencher o espaço entre as barras.

Cada semínima, neste caso, equivale a um pulso ou beat, marcando o tempo forte da música.

Podem também ser usadas nesse compasso outras figuras, como a mínima ou a colcheia, por exemplo, contanto que na soma dê o equivalente a duas semínimas.

Se for o compasso composto, as mesmas figuras serão utilizadas, mas aparecerão pontuadas.

Esse ponto indica que o tempo é aumentado pela metade. Teríamos, então, no compasso 6/8, tempos iguais de duas semínimas “e meia”, portanto.

Entendeu agora a lógica?

Figuras musicais

Figura musical - semínima
Semínima

Diante do que já explicamos até o momento, você já deve ter compreendido que a semínima é apenas uma entre várias figuras musicais ou rítmicas a indicarem a duração das notas.

A de tempo mais longo é a semibreve. Em ordem decrescente de duração, temos, então, após a semibreve, a mínima, a semínima – a qual já falamos a respeito –, a colcheia, a semicolcheia, a fusa e a semifusa.

Agora, vamos tomar novamente como base em nossa “aula” a semínima, com uma unidade de tempo.

A semibreve equivale a quatro semínimas, ou seja, quatro unidades de tempo. Já a mínima são duas unidades.

A colcheia dura a metade do tempo da semínima, a semicolcheia dura quatro vezes menos e assim por diante.

Portanto, músicas com muitas fusas e semifusas, cujos tempos são muito rápidos, exigem muita habilidade do cantor ou instrumentista, devido à agilidade de execução e alternância entre notas.

Para ficar mais claro, deixamos aqui uma tabelinha com a ilustração de cada figura musical e suas respectivas unidades de tempo:

imagem sobre figuras musicais para pauta musical

Notas na pauta musical

Não podemos, é claro, ficar sem falar de outro elemento importantíssimo da pauta musical: a altura das notas, que vão determinar a melodia da obra. 

Já falamos um pouco, aqui, sobre as claves. Elas servem como referência para saber qual a altura das notas no pentagrama. Na clave de Sol, a nota Sol está na segunda linha do pentagrama, de baixo para cima.

No espaço logo após a linha, fica a nota La. Na linha seguinte, a nota Si; no espaço subsequente, a nota Do, e assim por diante.

Resumindo: quanto mais superior for a posição da nota no pentagrama, mais aguda ela será.

E quanto mais inferior, mais grave, portanto.  Assim, abaixo do Sol, virá a nota subsequente mais grave, o Fa.

Quando a nota é tão aguda ou tão grave que chega a ultrapassar o espaço da pauta musical, recorre-se às linhas suplementares.

Confira como fica a nota Do mais grave na clave de Sol:

Mas é preciso bom senso e não anotar na partitura excesso de linhas suplementares. Esteticamente ficaria ruim e dificultaria a leitura.

A saída, para isso, é deixar a nota dentro dos limites do pentagrama e indicar que ela deve ser executada uma oitava acima ou abaixo.

Por hoje é isso, agradecemos sua presença por aqui,

Um abraço e até mais!

About Luciana Amaral

Luciana Amaral é cantora profissional, jornalista, revisora e redatora freelancer. Já participou de vários cursos de canto, como o Modern Mix Voice, do professor Caio Freire; Solte Seu Belting, do professor André Barroso; Canto Popular, durante o Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (Civebra); e Congresso Online de Voz Cantada, realizado pela Faculdade Novo Horizonte e pela professora Flávia Caraíbas. https://www.instagram.com/luciana.amaral_cantora/

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