Figuras musicais: elementos essenciais na partitura

Toda partitura traz em sua estrutura as figuras musicais. Mesmo que você nunca tenha estudado música ou nem saiba como interpretar e nomear esses símbolos, certamente já viu alguma imagem representativa de uma colcheia, de uma mínima ou de uma semibreve, por exemplo.

Esses sinais característicos da notação musical podem conter até três partes: a cabeça, a haste e o colchete.

Uma colcheia, por exemplo, contém esses três elementos. Já a semínima não possui o colchete. A semibreve, por sua vez, é composta apenas da cabeça.

Na pauta musical, convencionou-se que até a terceira linha – contando de baixo para cima – a haste da figura deve sempre ficar para cima. Depois disso, ela passa a ser direcionada para baixo. Confira o exemplo:

imagem de pauta musical

Figuras rítmicas

As figuras musicais também são chamadas de figuras rítmicas, pois são elas que ditam os tempos de uma determinada canção. Há quem as chame inadvertidamente de “notas”, mas é um erro conceitual.

Na realidade, somente quando colocadas no pentagrama, as figuras musicais indicam notas. Sozinhas, fora da pauta, não trazem qualquer referência à parte melódica.

Método Pozzoli

Quem estudou o chamado “Método Pozzoli” sabe disso. Nesse sistema, o aluno aprende a leitura rítmica, tendo somente como informações o compasso e as figuras musicais. Não há o pentagrama ou as claves. Portanto, não há menção a notas, como Do, Sol ou Fa, por exemplo.

A ideia é saber qual o tempo de cada figura e manter o ritmo durante a leitura. Para marcar o tempo, normalmente utiliza-se a sílaba “ta”, determinando-se um acento forte seguido de outros fracos.

 Essa metodologia ajuda a entender a duração dos sons e a lógica inerente às figuras musicais.

Junto ao Método Pozzoli o aluno deve aprender o solfejo melódico, este já realizado com a partitura.

A duração de cada figura musical

No sistema de notação musical do ocidente existem sete figuras musicais. Cada uma delas indica uma duração diferente.

A semibreve equivale a duas mínimas. Já a mínima é equivalente a duas semínimas. A semínima, por sua vez, é o dobro do tempo da colcheia.

Veja que, em ordem decrescente, a figura musical seguinte é sempre metade do valor da figura anterior. Após a colcheia, temos, então, a semicolcheia, a fusa e, por último, a semifusa.

A música também é feita de momentos de silêncio, em que nada é tocado ou cantado. Para representar esse tipo de situação, existem as pausas, as quais duram o mesmo tempo que suas figuras musicais correspondentes e trazem símbolos próprios para identificá-las.

Confira no quadro a seguir:

Tabela com figuras musicais e pausas correspondentes - site cursos de canto online

Mas como saber a duração, em segundos, de cada figura?

Para isso, algumas partituras trazem um número de referência em BPMs (Batidas Por Minuto), mesma medida utilizada nos metrônomos. Quanto maior esse número, mais rápido será o andamento da música.

Então, se a partitura informar que uma semínima equivale a 60 BPMs, significa dizer que há uma batida por segundo. Portanto, a figura musical em questão terá o tempo de um segundo.

A mínima, por ter o dobro desse tempo, terá dois segundos de duração, enquanto a colcheia, que vale a metade, vai durar apenas meio segundo.

Sinais que modificam as leituras rítmica e melódica

Nas partituras também vemos, muitas vezes, as figuras musicais acompanhadas por outros sinais, os quais irão influenciar na forma como é realizada a leitura rítmica e melódica.

Vamos conhecer alguns desses elementos.

Um deles é o chamado “ponto de aumento”, inserido à direita da figura musical. Ele indica a duração daquela figura mais a metade de seu valor.

Portanto, uma semibreve, que equivale a duas mínimas, passa a corresponder a três mínimas, caso ela esteja pontuada.

Da mesma forma, uma colcheia pontuada vai valer o equivalente a três semicolcheias.

O mesmo raciocínio deve ser usado para todas as figuras musicais pontuadas.

imagem demostrando figuras musicais pontuadas

Há, ainda, outro tipo de ponto, o de diminuição, que pode ser colocado acima ou abaixo da figura musical.

Esse símbolo faz referência ao staccato, em que a nota é entoada de forma enfática e rápida, na metade da duração da figura, e sempre seguida de pausa súbita.

Uma semínima com ponto de diminuição, por exemplo, equivale a uma colcheia – que tem metade da duração da semínima – somada à pausa correspondente ao tempo da colcheia.

Já uma colcheia com ponto de diminuição corresponde a uma semicolcheia mais a pausa de semicolcheia.

E assim por diante.

trechos de pauta musical representando como funciona as pausas na partitura

Legato e ligadura

Outro símbolo que influencia a forma de ler as figuras musicais é uma linha curva colocada acima ou abaixo de um conjunto de notas.

É o chamado “legato”, cuja função é mostrar ao instrumentista que as notas precisam ser tocadas de forma contínua, sem qualquer interrupção.

No piano, por exemplo, é possível fazer isso utilizando o pedal direito, o qual prolonga o som de cada tecla acionada.

A linha curva que mencionamos anteriormente também pode ser colocada após a figura musical, ligando-a à outra subsequente da mesma altura. Neste caso, ela é chamada de “ligadura”.

partitura com ligadura

Cabe ao instrumentista tocar como se fosse uma única nota, somando a duração de ambas as figuras.

Humming Bird Notation

Apesar das figuras musicais que conhecemos serem utilizadas mundialmente, existe uma outra forma de notação musical, a qual propõe novas figuras e símbolos.

Trata-se do Humming Bird Notation, desenvolvido em 2013 pelos norte-americanos Blake West e Mike Sall.

Seu objetivo é descomplicar a leitura de partituras, com o uso de símbolos mais intuitivos e fáceis de identificar.

Mesmo sendo uma notação musical com características próprias, o sistema do Humming Bird aproveita três elementos das partituras comuns: a pauta musical com cinco linhas – pentagrama –, as claves e os compassos.

Porém, diferentemente do método tradicional, as figuras musicais, em vez de apontarem os tempos, indicam as notas, independentemente de estarem ou não inseridas na pauta.

Para que isso fosse possível, o desenho das figuras foi desenvolvido a partir de palavras em inglês iniciadas pelas letras A, B, C, D, E, F e G, as quais representam as notas musicais em países de origem anglo-saxônica.

A = La

B = Si

C = Do

D = Re

E = Mi

F = Fa

G = Sol

Com as informações acima, é possível compreender, agora, como são construídas as figuras musicais no sistema Humming Bird Notation.

Veja que elas são de fácil memorização:

Nota Tom sistema Humming Bird Notation

A parte rítmica, por sua vez, tem uma simbologia específica e também segue uma lógica simples.

Perceba abaixo que, quanto maior for a duração da nota, maior será a linha indicativa de ritmo que acompanha a figura musical:

Pausa ritmo no sistema Humming Bird Notation

Agora, veja um exemplo de um trecho de partitura com esse tipo de notação musical. Não é preciso ficar contando linhas ou espaços, para saber de qual nota se trata, pois esse dado já está explícito nas próprias figuras musicais:

sistema Humming Bird Notation

Apesar do Humming Bird Notation propor algumas facilidades na leitura melódica e rítmica, críticos apontam que ele não abarca tantas possibilidades quanto as partituras tradicionais.

Porém, caso você tenha interesse em ver mais detalhadamente como as figuras musicais desse método norte-americano são utilizadas, basta acessar o site oficial do Humming Bird Notation.

Ali, é possível baixar partituras de músicas populares, tradicionais e eruditas, todas utilizando essa forma curiosa de notação musical.


Enfim encerramos nosso artigo, esperamos que você goste e que compartilhe com seus amigos para que eles também experimentem essa deliciosa leitura.

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