Harmonia musical para iniciantes

Já assistiu a um coral? Ali estão várias pessoas cantando linhas melódicas diferentes. Mas, quando se juntam, essas melodias criam uma harmonia musical.

É uma única obra, mas com vários timbres e notas que, entoados simultaneamente, formam a combinação perfeita.

E harmonia musical é isso: combinar os sons de forma organizada, fazendo com que o conjunto faça sentido.

Há, é claro, toda uma lógica e estudo por trás dos arranjos harmônicos.

E é para entender melhor como isso funciona, que iremos, a seguir, abordar alguns tópicos sobre “harmonia musical”.

Venha com a gente!

O equilíbrio dos sons

Ao pensar em harmonia musical, é possível que logo venha à sua mente a palavra “equilíbrio”. Afinal, as notas musicais estão sobrepostas, formando acordes, que geram um som harmônico e “equilibrado”.

Como já falamos no artigo sobre arpejos, os acordes são formados por pelo menos três notas, todas elas devendo ser tocadas simultaneamente.

Eles dão um colorido especial à melodia. E seguem uma lógica dentro do sistema tonal, para que o conjunto não desafine.

Na partitura, conseguimos observar bem essa dinâmica. Abaixo, em trecho da obra “Noturno op. 9 no 2”, de Chopin, para piano, vemos a linha melódica, cujo desenho na pauta é disposto horizontalmente.

Os acordes, por sua vez, fazem a função harmônica na melodia e aparecem verticalmente:

partitura com acordes para exemplo de harmonia musical

Agora você pôde perceber, pelo menos em parte, como a música funciona. De uma forma bem resumida, temos a melodia e as harmonias colocadas sobre ela.

Vamos aprofundar mais um pouquinho o tema?

Estrutura harmônica

Dentro do sistema tonal, o qual mais utilizamos nas composições e foi desenvolvido no período barroco, a harmonia musical tem papel fundamental na construção de uma obra.

Quando pegamos uma nota e combinamos com outras, formando acordes, já estabelecemos uma estrutura harmônica.

Pensando nisso, primeiramente vamos lembrar noções básicas sobre como são construídos alguns acordes.

Existem as tríades, que são acordes montados com três sons distintos e formados pela nota fundamental, terça (maior ou menor) e quinta.

A fundamental é a nota mais grave, o primeiro grau, que dá nome ao acorde. O Re maior (D), por exemplo, é composto por Re, Fa# e La.

Perceba que há um intervalo de dois tons da fundamental para a terça, e de um tom e meio da terça para a quinta. Essa estrutura intervalar é o padrão das tríades maiores.

Agora, aproveite essa mesma sequência de fundamental, terça e quinta, e sobreponha mais uma nota. Ela será chamada de “sétima”, por estar no sétimo grau em relação à nota fundamental.

Acabamos, então, de montar uma tétrade, formada por quatro notas. Esse acorde, no caso, é chamado de D7 (Re maior com sétima). Confira abaixo:

acorde D7

Campo harmônico

Existem vários outros acordes, com construções e intervalos diferentes. O importante é você saber que cada um deles produz um som harmônico e é construído de acordo com algumas regras.

Vale destacar que dentro de uma música eles não são independentes. Pelo menos não no sistema tonal, que é o que estamos abordando aqui. Há um encadeamento entre os acordes de uma canção, formando o que chamamos de “campo harmônico”.

Conceitualmente, campo harmônico é o conjunto de todos os acordes possíveis de serem construídos a partir de notas de uma determinada escala.

Então, se uma melodia está em Do maior (C), poderemos construir sobre essa estrutura até sete acordes e todos sem sustenidos ou bemóis: C, Dm, Em, F, G, Am e Bo – este último pode ser também grafado como “Bdim”, que é o Si diminuto.

Resumindo: a construção de acordes segue uma lógica, assim como também a escolha de quais deles cabem dentro de uma peça musical específica, pois é preciso respeitar o campo harmônico.

Funções harmônicas

Outro importante conceito dentro da harmonia musical é a chamada “harmonia funcional”, que leva esse nome devido às funções harmônicas dos acordes.

E o que quer dizer isso?

Os acordes construídos ao longo da peça musical geram sensações, que podem ser de movimento, de tensão e de repouso. O ouvinte aprecia a obra e percebe que ela tem momentos de começo, meio e fim.

Sendo assim, existem três funções harmônicas principais, as quais citaremos a seguir:

  • Função tônica: refere-se a acordes de primeiro, terceiro ou sexto graus. A ideia dessa função é transmitir a sensação de estabilidade, repouso e conclusão. O primeiro grau, no caso, é o principal, por apresentar mais “força” quanto à sua qualidade funcional. Os de terceiro e sexto graus podem funcionar como substitutos em algum momento da música.
  • Função subdominante: refere-se aos acordes de quarto e segundo graus, sendo o quarto o principal quanto à sua qualidade funcional.
    Transmite uma ideia de preparação, podendo se encaminhar tanto em direção ao acorde com função dominante quanto para a tônica.
  • Função dominante: refere-se aos acordes de quinto e sétimo graus, sendo o quinto o principal e com mais força em relação à sua qualidade funcional. Esses acordes transmitem tensão, “pedindo” um desfecho para a música.

A sequência C – F – G7 – C, que está dentro do campo harmônico de Do maior (C), é um exemplo de como funciona essa dinâmica das funções harmônicas.

Se você tiver um instrumento, experimente tocar essa sequência e preste atenção nas sensações transmitidas:

sequência C – F – G7 – C,

O acorde de C, neste caso, exerce função tônica. No começo, apresenta as sensações de estabilidade e início de movimento da canção. Já o acorde de F tem função subdominante, de preparação.

O acorde de G7, por sua vez, traz uma tensão, característica da função dominante. Se a música terminasse aí, você certamente acharia estranho. Seria como se estivesse faltando alguma coisa para concluir a peça.

Para tirar esse estado de tensão, concluímos a sequência com o retorno à tônica, que agora claramente dá ao ouvinte a impressão de finalização, repouso e um certo alívio.

Conclusões

Obviamente, a teoria em torno da harmonia musical não termina por aí. Ao longo desse artigo, demos apenas alguns esboços e mostramos o quanto o conhecimento dessa área é importante para todo estudante de música.

É tão fundamental, que quem domina harmonia musical não tem dificuldade em improvisar, pois sabe quais rumos a peça musical está seguindo.

Agora, é com você. Bora estudar?

About Luciana Amaral

Luciana Amaral é cantora profissional, jornalista, revisora e redatora freelancer. Já participou de vários cursos de canto, como o Modern Mix Voice, do professor Caio Freire; Solte Seu Belting, do professor André Barroso; Canto Popular, durante o Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (Civebra); e Congresso Online de Voz Cantada, realizado pela Faculdade Novo Horizonte e pela professora Flávia Caraíbas. https://www.instagram.com/luciana.amaral_cantora/

2 thoughts on “Harmonia musical para iniciantes

    1. Oi Vitor! Que bom que gostou! Não desista dos seus sonhos!
      Continue estudando que vc vai chegar lá!
      Um Abraço

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