Escala musical: a “escada” para construir sua melodia

Você canta apenas de forma intuitiva? Ouve seu artista preferido e tenta imitá-lo? Pois bem: imitar não é necessariamente ruim, pois você pode aprender técnicas a partir da imitação.

Contudo, não dá para se limitar a isso. Conhecer a teoria musical, em especial a escala musical e suas variações, permite a você ir além, improvisar e buscar seu próprio estilo.

Mas o que é escala musical?

Primeiramente, vamos entender o que é um intervalo musical. Nada mais é que a diferença de altura entre duas notas ou o espaço entre esses sons. Tais notas podem ser consecutivas ou não.

O intervalo também pode ser ascendente – quando a primeira nota é mais grave que a seguinte – ou descendente (a primeira nota é mais aguda).

Existe, ainda, outra classificação: o intervalo melódico, em que as notas se sucedem, e o intervalo harmônico, em que as notas aparecem simultaneamente, formando uma harmonia.

A partir desses conceitos básicos, podemos começar a compreender o que é a escala musical.

Vamos imaginar uma escada, em que cada degrau é uma nota musical. Entre essas notas, temos intervalos, como já explicamos. Pois bem: essa sucessão ordenada de notas se chama escala musical.

escala musical 1

Para que serve a escala musical?

Se você quer ser um bom solista, compor uma melodia e montar acordes e harmonias, saiba que tudo isso é feito a partir da escala musical.

Veja abaixo as escalas de Do Maior e Do Menor:

escala musical 2

Você sabia que os acordes de Do Maior e Do Menor são montados a partir dessas escalas? Essa premissa também serve para outros acordes.

Em um coral, para que soprano, contralto, tenor e baixo cantem harmonicamente, toda a melodia e harmonias vocais são construídas em cima da escala musical.

Não há como escapar dessa lógica. Se você quiser ser um bom cantor ou instrumentista, é preciso aprender o que e quais são as escalas, e como elas podem ser uma ferramenta essencial na sua formação.

Você provavelmente já deve ter visto músicos improvisando no palco, certo?! Se eles sabem o tom da música, irão usar a escala musical referente àquele tom para fazer aqueles solos incríveis ou harmonizar junto com vários instrumentistas.

Portanto, para um músico, escala musical é VIDA!!!

Aqui, vamos dar uma pequena noção sobre o assunto, para que você tenha pelo menos uma ideia e inicie seus estudos. Vamos nessa?

Tons e semitons

Falamos anteriormente das escalas de Do Maior e Do Menor, correto?! Pois então: estes são exemplos de escalas naturais ou diatônicas, ou seja, trazem sete notas diferentes consecutivas com intervalos de um tom ou de um semitom.

A oitava nota, quando aparece no desenho da escala, é a mesma que a primeira, mas uma oitava acima, soando mais aguda.

E o que vem a ser o tom e o semitom? Vamos imaginar as teclas do piano, como no desenho abaixo:

escala musical 3

De uma tecla branca à outra subsequente existe o intervalo de um tom. Já entre uma tecla branca e uma tecla preta subsequente existe um semitom.

Já no violão, é possível visualizar os tons e semitons pelos trastes. De um traste a outro há um semitom. Naturalmente, a cada dois trastes há um tom.

Tais instrumentos são chamados de “temperados”, por terem essa subdivisão de tons e semitons bem explícitas, com sons definidos.

Já instrumentos como o violino, violoncelo ou a guitarra fretless (sem trastes), entre outros, são conhecidos como não temperados, pois o som não é fixo. Assim, com eles é possível fazer intervalos ainda menores que um semitom.

A própria voz humana é “não temperada”, pois temos a capacidade de cantar em glissando, ou seja, entoar uma nota e “escorregá-la” de forma ascendente ou descendente, assim como um violino, por exemplo.

Ordem de intervalos nas escalas

Vamos voltar, então, à escala de Do Maior, para visualizar onde estão os tons e semitons. Perceba que os semitons estão somente entre Mi e Fa, e entre Si e Do. No restante, os intervalos são de um tom.

Outra observação: todas as escalas maiores têm essa ordem de intervalos: tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom.

Veja, abaixo, as escalas de La Maior e Fá Maior. Ambas precisam ter grafados acidentes (bemol ou sustenido) na armadura de clave, para que sigam a ordem de tons e semitons previstos nas escalas maiores:

escala musical

Já as escalas menores seguem uma ordem de intervalos um pouco diferente: tom, semitom, tom, tom, semitom, tom, tom.

Em uma escala de Si Menor temos, portanto: Si, Do sustenido, Re, Mi, Fa sustenido, Sol, La e Si (uma oitava acima). Veja, abaixo, o desenho dessa escala:

escala musical 5

A escala menor pode ser chamada também de escala menor natural. É uma forma de não confundir com as escalas menor harmônica e menor melódica.

Na escala menor harmônica, a diferença está no sétimo grau (ou a sétima nota).

No La Menor natural temos: La, Si, Do, Re, Mi, Fa, Sol, La. Já a La Menor harmônica fica da seguinte forma: La, Si, Do, Re, Mi, Fa, Sol sustenido, La.

Veja que há uma distância maior entre o sexto e sétimo graus, correspondente a um tom e meio. A escala menor harmônica não é portanto, uma escala diatônica.

A escala menor melódica, por sua vez, apresenta apenas um semitom, que fica entre o segundo e terceiro graus.

Os graus da escala

E por falar em graus, vamos esmiuçar um pouco o tema. Eles denominam as notas da escala e são grafados em algarismos romanos. Assim, temos o grau I, II, III etc. Cada um deles tem um nome específico, pois exercem funções dentro da escala musical. Confira:

  • Grau I – Tônica (define o tom da escala)
  • Grau II – Supertônica
  • Grau III – Mediante
  • Grau IV – Subdominante
  • Grau V – Dominante (grau mais importante após a tônica)
  • Grau VI – Superdominante
  • Grau VII – Pode ser de dois tipos: Sensível (possui um semitom abaixo da tônica) ou Subtônica (um tom abaixo da tônica)

Outros tipos de escala musical

escala musical 4

Além das escalas musicais que mencionamos até o momento, existem outras variações.

No artigo sobre canto gregoriano, falamos um pouco sobre os modos eclesiástico ou litúrgico, os quais são escalas diatônicas específicas utilizadas na música cristã da Idade Média.

Mas não para por aí. Temos, ainda, as escalas exóticas, subdivididas em escala artificial ou cromática, escala cigana, escala pentatônica e escala de tons inteiros. Veja as características de cada uma delas:

  • Escala artificial ou cromática: o intervalo entre todas as notas é de um semitom.
  • Escala cigana: traz uma variação na escala menor harmônica, com meio tom a mais no grau IV.
  • Escala pentatônica: é formada por apenas cinco notas. Na escala pentatônica maior, a terça é sempre maior, sendo retirados os graus IV e VII. Na menor, a terça é menor, com supressão dos graus II e VI.
  • Escala de tons inteiros ou hexafônica: É formada por seis notas e o intervalo entre elas é de um tom.

Gostou do conteúdo? Existem outras variações de escalas as quais não abordamos aqui no momento, mas já é possível ter uma ideia sobre o tema.

Agora, é só fazer um aprofundamento a respeito do assunto e levar esse conhecimento no aula de canto ou do instrumento de sua preferência. Bons estudos!

About Luciana Amaral

Luciana Amaral é cantora profissional, jornalista, revisora e redatora freelancer. Já participou de vários cursos de canto, como o Modern Mix Voice, do professor Caio Freire; Solte Seu Belting, do professor André Barroso; Canto Popular, durante o Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (Civebra); e Congresso Online de Voz Cantada, realizado pela Faculdade Novo Horizonte e pela professora Flávia Caraíbas. https://www.instagram.com/luciana.amaral_cantora/

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