Canto coral: união de vozes em perfeita harmonia

Se um único intérprete é capaz de transformar sua voz em uma bela expressão artística, imagine então quando várias vozes se unem harmonicamente. Assim é o canto coral. Uma arte sempre surpreendente aos olhos e ouvidos.

Mas essa forma de execução musical não se resume a juntar um grupo aleatoriamente para entoar canções. Afinal, é possível que esse conjunto de pessoas cante uma única melodia, em uníssono.

No canto coral, o esquema é bem mais complexo. Primeiramente, a música passa por um arranjo prévio, para execução, em geral, a quatro vozes.

Os membros do coro são distribuídos nesses quatro naipes e cada um deles canta uma melodia diferente. Essas linhas melódicas, quando entoadas ao mesmo tempo, formam acordes.

Neste caso, o instrumento musical responsável por essa interessante combinação harmônica é a própria voz humana.

Classificação vocal no canto coral

Pessoas vestidas de preto com pastas nas mãos cantando juntas

Se você já praticou o canto coral, provavelmente passou por uma fase indispensável para fazer parte do grupo: a classificação vocal.

Esta etapa é muito importante, pois as vozes são diferentes, com extensões e tessituras vocais distintas. Assim, é preciso saber qual o alcance de cada um nos graves e agudos.

Além disso, é necessário verificar se as vozes ficam melhor ajustadas em melodias mais graves, médias ou agudas.

São medidas fundamentais para não prejudicar a saúde vocal e a performance de cada membro do coro.

Sem contar que tais procedimentos garantem um resultado mais bonito, visto que todos cantarão dentro de suas condições, sem forçarem a voz.

A classificação vocal é realizada com um simples exercício ao piano comandado por um professor de canto ou mesmo pelo regente do coral.

Mas outros instrumentos musicais também podem ser utilizados. Cabe ao cantor repetir as notas tocadas e executá-las até a altura que for possível. 

Com essas informações, o regente ou maestro do coral insere os intérpretes nos naipes que forem mais condizentes com suas características vocais.

Naipes vocais

Agora que você entendeu por que é importante classificar as vozes, vamos conhecer, a seguir, os naipes ou categorias de vozes mais utilizados no canto coral:

  • Contralto Voz feminina que atinge as notas mais graves, com bastante peso e corpo.
  • Tenor Voz masculina com tessitura na região mais aguda.
  • Baixo – Nesta classificação encontram-se as vozes mais graves e encorpadas.

Arranjo para canto coral

Pessoas cantando juntas com pastas nas mãos e roupas iguais

O arranjo para canto coral não se limita a formar acordes com as vozes disponíveis. Esta é apenas uma das regrinhas básicas, mas há outras questões que devem ser levadas em consideração.

Primeiramente, é preciso estar atento à faixa etária dos coristas. No artigo “A História de um Arranjo”, o professor universitário e músico Eduardo Lakschevitz, com larga experiência em regência de corais, diz que o “arranjo é algo objetivo, que se se escreve para um grupo específico, levando-se em conta suas dificuldades e seu potencial”.

No texto em questão, ele cita a música “Salmo 40”, arranjada para coro de adolescentes de 12 a 18 anos. “Escrevi em dó, para trazer conforto vocal e explorar as regiões mais brilhantes de suas vozes”, disserta Lakschevitz.

Essa preocupação com a tessitura e extensão, aliás, deve estar presente também entre os adultos, principalmente se forem cantores inexperientes, com extensão vocal limitada.

Já se os cantores forem profissionais, o arranjador pode pensar em notas mais agudas ou graves, explorando, vez ou outra, os extremos das vozes desses coristas.

Outro cuidado diz respeito à montagem da partitura.

A linha melódica de sopranos e contraltos é na clave de Sol. A de tenor pode ser na clave de Sol ou Fa. Já a do baixo obrigatoriamente vai na clave de Fa.

As melodias de cada naipe são dispostas na seguinte ordem: soprano, contralto, tenor e baixo. E segue desta forma até o final da música.

Para entender melhor como isso funciona, veja, a seguir, a parte de um arranjo para coral da obra “Hallelujah”, de Händel:

parte de um arranjo para canto coral da obra “Hallelujah”, de Händel

O corista precisa cantar apenas a pauta correspondente à sua voz. Levando-se em consideração o exemplo acima, se o cantor for um baixo, basta que ele acompanhe a quarta linha melódica de cada grupamento de vozes que surgem ao longo da partitura.

Dicas para novatos no canto coral

Caso você tenha entrado recentemente em um grupo de canto coral, é normal que se sinta meio deslocado ou perdido no início da atividade. Então, fique ligado nessas dicas:

  • Rotina de ensaios – Pessoas que ainda são inexperientes em canto coral podem se sentir inseguras, ao verem partituras com três ou quatro vozes.

    Mas não se preocupe: o maestro ou regente sempre dá uma ajudinha e são realizados muitos ensaios, seja com cada naipe vocal ou com todo o grupo.
  • Estude sozinho – Mesmo com a rotina de ensaios já agendada com o coral, estude também por conta própria, em casa, para ter maior segurança.

    Em geral, o regente envia aos coristas as gravações das linhas melódicas. Isto é útil principalmente para quem não está habituado a partituras e precisa dominar a melodia.
  • Marque ensaios com o seu naipe vocal – Ensaios extras com o seu naipe vocal agilizam o aprendizado. Assim, quando houver os ensaios gerais com os outros naipes, vai ficar muito mais fácil obter o resultado desejado. 

Benefícios do canto coral

pessas apresentando um canto coral na igreja

Mais do que uma forma de expressão artística e cultural, o canto coral traz diversos benefícios adjacentes à sua prática. Confira:

  • Desenvolvimento da musicalidade – A prática do canto coral ajuda a desenvolver a musicalidade, a afinação, o ritmo, o andamento e a percepção musical. Além disso, o canto em grupo permite uma certa familiaridade com as partituras, mesmo que você nunca tenha estudado música ou feito aulas de canto.

    Por fim, a atividade melhora também a concentração, já que é preciso muita atenção à sua linha melódica, a fim de não se confundir com as melodias dos outros colegas.
  • Contato com repertórios de estilos variados – O canto coral é bastante comum na música erudita, mas há também diversos arranjos da música popular para corais.

    Essa variedade no repertório representa uma boa oportunidade para incrementar a cultura dos participantes.
  • Coletividade – No coral, uma melodia só “não faz verão”. A música é resultado de uma construção coletiva, com a junção de várias linhas melódicas e o talento de cada cantor.
  • Socialização – O coral é uma excelente maneira não só de se desenvolver musicalmente, como também de fazer novas amizades.

    Os mais tímidos são muito beneficiados com a atividade, pois estão em contato com outras pessoas em busca de um mesmo objetivo em grupo.

Viva essa experiência

E você? Já experimentou cantar em conjunto? Existem vários grupos de canto coral voltados tanto para cantores amadores quanto profissionais. Em muitos deles a participação é gratuita.

Aproveite! Será uma ótima oportunidade de desenvolver suas habilidades vocais e percepção musical.

About Luciana Amaral

Luciana Amaral é cantora profissional, jornalista, revisora e redatora freelancer. Já participou de vários cursos de canto, como o Modern Mix Voice, do professor Caio Freire; Solte Seu Belting, do professor André Barroso; Canto Popular, durante o Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (Civebra); e Congresso Online de Voz Cantada, realizado pela Faculdade Novo Horizonte e pela professora Flávia Caraíbas. https://www.instagram.com/luciana.amaral_cantora/

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