Quando vários instrumentistas se unem para tocar, logo imaginamos uma “banda”, certo? Esta formação é mais comum na música popular. Já quando pensamos em música erudita, logo vem à mente a orquestra sinfônica.
Trata-se de um conjunto formado por muitos músicos, os quais executam arranjos bastante complexos, sob a batuta de um regente ou maestro.
Entretanto, essa explicação, por si só, ainda é bastante genérica. Há outras características que definem com mais exatidão o que é uma orquestra sinfônica. E é isso que iremos esclarecer nesse artigo, assim como algumas curiosidades históricas acerca do tema.
Além disso, vamos conhecer um pouco sobre algumas das principais orquestras em atividade no Brasil e no exterior.
De onde vem o termo “orquestra sinfônica”?
O termo “orquestra” tem origem na palavra grega “orkestra”, traduzida como “lugar de dança”.
Refere-se historicamente a uma área em formato de semicírculo, presente em teatros da Grécia Antiga e localizada entre o palco e os espectadores. Era uma espécie de fosso, onde ficavam os músicos, dançarinos e coro.
A palavra “sinfônica” também vem do grego, “synfonia”, que pode ser entendida como um conjunto de sons.
Uma breve história da orquestra sinfônica
Até o final da Idade Média, a música era predominantemente vocal e isso era bastante evidente, por exemplo, na música litúrgica, com o cantochão.
Já na Renascença, no século XVI, os instrumentos começaram a ganhar mais relevância, algo que foi intensificado no período Barroco.
O compositor Giovanni Gabrieli já criava obras puramente instrumentais, entre suas Sinfonias Sacras, em meados de 1600.
A ópera L’Orfeu (1607), de Claudio Monteverdi, por sua vez, foi concebida para ter acompanhamento de orquestra.
Mas foi somente no Classicismo, com o desenvolvimento de novos instrumentos, que as orquestras passaram a ganhar contornos similares aos atuais.
Isto ocorreu principalmente a partir da orquestra de Mannheim, dirigida por Johann Stamitz no século XVIII.
Este conjunto musical era conhecido por sua excelência técnica, ajudando a estabelecer o padrão de instrumentação para a orquestra sinfônica moderna.
O grupo era formado por quatro naipes de instrumentos: cordas, metais, madeiras e percussão.
Também se destacou por ser a primeira orquestra a utilizar as técnicas do “crescendo” e “decrescendo”, estabelecendo uma dinâmica na música em relação a momentos de maior ou menor intensidade.
Ao longo dos séculos seguintes, as orquestras evoluíram e se expandiram em número de integrantes e complexidade, tornando-se verdadeiros símbolos da cultura ocidental.
Características principais da orquestra sinfônica
Para formar uma orquestra sinfônica, não basta reunir vários músicos. É necessário que esse conjunto tenha entre 80 e 100 integrantes, subdivididos normalmente em cinco grupos de instrumentos distintos.
Cada um deles executa um elemento específico da música, que pode ser a melodia, a harmonia ou o ritmo.
A orquestra de Mannheim, como falamos anteriormente, já contava com quatro naipes. Mas podemos acrescentar, além deles, mais um grupo. Confira:
- Cordas: harpas, contrabaixos, violoncelos, violas e violinos. A depender da peça executada, é possível inserir outros instrumentos neste naipe, como guitarra, violão ou alaúde, por exemplo.
- Madeiras: flautas, clarinetes, oboés, fagotes, saxofones.
- Metais: trompetes, trombones, trompas, tubas.
- Percussão: tímpanos, bateria, xilofones, marimbas, triângulos, pratos, tambores, glockenspiels (tipos de metalofones, ou seja, xilofones com lâminas de metal), entre outros.
- Teclas: órgão e piano (este quinto grupo só é utilizado se a peça musical assim o exigir).
Tipos de orquestras
Além das orquestras sinfônicas, existem, ainda, as orquestras filarmônicas, as quais, na prática, funcionam de maneira similar, distinguindo-se apenas na fonte de financiamento do conjunto musical.
As filarmônicas são bancadas por instituições privadas, sem fins lucrativos, enquanto as sinfônicas recebem aporte de órgãos governamentais.
Podemos citar, ainda, outras duas variações de orquestras:
- Orquestra de câmara: difere da orquestra sinfônica pelo pequeno número de integrantes, entre 20 e 30 músicos. Além disso, traz uma menor variedade de instrumentos, limitando-se geralmente aos de sopro e de cordas.
- Orquestra de cordas: como o próprio nome diz, é uma orquestra formada apenas por instrumentos de cordas, podendo ter quantos integrantes forem necessários.
Orquestras com mais de 100 integrantes
Já dissemos neste artigo que orquestras sinfônicas são formadas por até 100 músicos.
Entretanto, algumas delas trazem um número um pouco superior. É o caso da Orquestra Sinfônica de Chicago e da Orquestra Sinfônica de Boston, ambas dos Estados Unidos e com cerca de 105 instrumentistas.
Além disso, a depender da obra, é possível que a orquestra recrute outros músicos temporariamente, para viabilizar a execução da peça.
Um exemplo disso é a Sinfonia no 8 em Mi Bemol Maior, de Gustav Mahler, criada em 1906. A primeira apresentação em público ocorreu em 1910 e contou com mais de 170 instrumentistas. Havia, ainda, cerca de 850 coristas, entre adultos e crianças.
Esta apresentação icônica foi regida pelo próprio Mahler, em Munique (Alemanha). A obra ficou conhecida popularmente como “Sinfonia dos Mil”, por ter ultrapassado os mil integrantes no palco, apesar do compositor não ter apreciado essa denominação.
Outras orquestras já tocaram essa sinfonia ao longo das décadas, porém utilizando um número de músicos mais enxuto.
Orquestras sinfônicas no Brasil e no exterior
Existem várias orquestras sinfônicas em atividade tanto no Brasil quanto no exterior. Conheça algumas das mais importantes:
- Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) – Fundada pelo maestro José Siqueira em 1940, a OSB é a mais tradicional do Brasil, sendo sediada no Rio de Janeiro e administrada pela Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira. Já realizou turnês em diversos países, como Alemanha, Japão, Estados Unidos e França. A OSB também se destaca por oferecer programas de formação a jovens músicos.
- Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) – Fundada em 1954, é uma das mais importantes do Brasil. Já se apresentou em vários países e realiza concertos em espaços culturais importantes, como a Sala São Paulo.
- Orquestra Real do Concertgebouw de Amsterdã (Holanda) – É considerada uma das melhores orquestras do mundo, com mais de 130 anos de história. Sua criação se deu em abril de 1888, mas o primeiro concerto aconteceu apenas em novembro daquele ano.
- Orquestra Sinfônica de Viena (Áustria) – Uma das mais tradicionais do mundo, esta orquestra foi criada em 1900, por Ferdinand Löwe. Entre os vários regentes que já comandaram o conjunto, destacam-se, entre outros, Herbert von Karajan e Carlo Maria Giulini.
- Orquestra Sinfônica de Chicago – Fundada em 1897, está entre as cinco melhores orquestras dos Estados Unidos. Estiveram à frente do grupo maestros como o argentino Daniel Barenboim e o húngaro-britânico Georg Solti.
- Orquestra Sinfônica de Londres – É considerada uma das mais importantes do Reino Unido, já tendo sido liderada por regentes como Claudio Abbado e André Previn. Foi criada em 1904.
E você? Já assistiu a um concerto de uma orquestra sinfônica? Caso não tenha tido essa oportunidade, informe-se sobre apresentações em sua cidade ou próximas a ela.
Ver dezenas de músicos mostrando suas habilidades ao vivo, de forma harmônica e bem conduzida, é uma experiência singular. E o melhor: grande parte desses concertos são gratuitos. Então, o que está esperando? Aproveite!