Viaje pela história da música: da pré-história à atualidade

Os sons são produzidos desde os primórdios da humanidade. Por esta razão, a história da música se confunde com a própria história humana.

Abordar a evolução dessa manifestação artística ao longo dos séculos não é uma tarefa simples e nem se esgota num único artigo.

Afinal, cada lugar apresenta estilos, melodias e estruturas rítmicas diferentes. E tem sua própria história da música como registro fundamental de sua cultura.

Neste texto, vamos dar algumas “pinceladas” a respeito desse arsenal histórico, partindo das origens até a atualidade.

Então, prepare-se: nossa viagem no tempo começa agora!

A música pré-histórica

Segundo informações obtidas a partir de escavações arqueológicas, os primeiros registros de que havia algum tipo de execução musical são de cerca de 50 mil anos atrás. Em plena pré-história, portanto.

A música tinha finalidade religiosa, sendo utilizada em cerimônias e rituais, com o intuito de estabelecer uma conexão com o sagrado.

Para acompanhar tais atividades, eram produzidos instrumentos musicais percussivos rudimentares feitos de ossos e pedras. E também instrumentos de sopro, como conchas e tubos.

Flauta de Neandertal - um dos primeiros instrumentos musicais um achado importante na história da música
Flauta de Neandertal – descoberta importante na história da música

Dessa época há, ainda, o registro de uma flauta feita de osso de urso, considerada a mais antiga do mundo. Foi descoberta na Eslovênia, em 1995, no sítio arqueológico Divje Babe e denominada pelos especialistas como “Flauta de Neandertal”.

A história da música no Egito e na Mesopotâmia

A utilização da música para acompanhar cerimônias e rituais também foi uma realidade entre as civilizações da Antiguidade.

Egípcios utilizavam essa expressão artística nas celebrações de oferendas aos deuses ou para saudar os faraós.

Mas não se limitavam ao universo sacro: atividades com fins de entretenimento, como danças e jogos, também eram animados musicalmente.

A música era tão importante para essa civilização, que teria sido criada por uma divindade, Thoth, deus egípcio da sabedoria, ciência, magia e religião.

Os instrumentos musicais, por sua vez, variavam entre harpas, cítaras, flautas e tambores.

A civilização mesopotâmica, da mesma forma, desenvolveu uma cultura musical de grande valor histórico e cujas origens remontam ao período Neolítico, cerca de 10.000 a.C.

É de lá, mais especificamente da Babilônia, que vem a notação musical mais antiga conhecida até o momento e registrada em escrita cuneiforme.

A influência da música grega

Homem com visual vintage tocando instrumento
História da música

Na Antiguidade, mesmo com o importante legado musical de vários povos da época, foram os gregos os que mais contribuíram para o desenvolvimento da história da música ocidental. Muitas obras que escutamos ainda hoje trazem fortemente essa influência.

Na Grécia antiga, a música permeava diversos aspectos da vida dos cidadãos: cerimônias religiosas; eventos grandiosos, como os Jogos Olímpicos; e até a educação

Os próprios filósofos gregos ressaltavam a importância da arte musical na formação, purificação e até na saúde do ser humano.

Pitágoras, por exemplo, acreditava que as almas poderiam adoecer sem a música, enquanto Platão via nessa expressão uma maneira de alterar os sentimentos.

Já Aristóteles percebia a música como um meio de levar o ouvinte ou o artista à catarse, ou seja, à “limpeza” interior.

Além de questões filosóficas, os gregos começaram a desenvolver uma teoria musical avançada e com muitos conceitos ensinados ainda ensinados nas escolas de música contemporâneas.

Uma das contribuições nesse sentido é a chamada “música modal”, formada por sete sons.

Vale destacar que, na Grécia antiga, esses sons não tinham nomes, mas eram organizados de forma que cada música pudesse iniciar com uma dessas sete notas.

Os intervalos entre elas poderiam ser de meio ou um tom, assim como fazemos na atualidade.

A partir dessas sete notas surgiram os sete modos gregos. São eles:

  • Dórico – Modo menor, caracterizado pelo intervalo de terça menor entre o primeiro e terceiro graus. Possui estrutura semelhante à escala de Re menor natural, mas com uma diferença: tem intervalo de sexta maior entre o primeiro e sexto graus.
  • Frígio – Possui estrutura semelhante à escala de Mi menor natural, mas com uma diferença: tem intervalo de segunda maior entre o primeiro e segundo graus.
  • Lídio – Modo maior, caracterizado pelo intervalo de terça maior entre o primeiro e terceiro graus. Possui estrutura similar à escala de Fa maior natural, mas com uma diferença: tem intervalo de quarta aumentada entre o primeiro e quarto graus.
  • Mixolídio – É semelhante à escala de Sol maior natural, mas com uma diferença: tem intervalo de sétima menor entre o primeiro e sétimo graus.
  • Eólio – É exatamente igual à escala de La menor natural.
  • Lócrio – Difere da escala de Si menor natural devido a dois fatores: o intervalo é de segunda menor entre o primeiro e segundo graus, e de quinta diminuta entre o primeiro e quinto graus.
  • Jônio – É exatamente igual à escala de Do maior natural.

A música litúrgica na Idade Média

música liturgica um papel fundamental na história da música
História da música

A música modal dos gregos exerceu influência sobre a música litúrgica executada em igrejas e mosteiros durante a Idade Média. Um exemplo é a salmodia, em que os salmos eram entoados tendo como base essa estrutura musical.

Nesse período a voz ganhou protagonismo, com o desenvolvimento do canto à capella, em especial o canto gregoriano, uma variedade do cantochão – canto monofônico da era medieval.

Já na música popular apareceram os chamados “minnersangers” germânicos, cantores da nobreza que entoavam canções de cunho romântico.

Na França, por sua vez, surgiram os trovadores, na região de Provença. Eram poetas-cantores, os quais criavam poesias e melodias com acompanhamento de alaúde.

A história da música na Renascença 

Desenho duas figuras angelicais tocando instrumento antigo

A forte religiosidade na Idade Média foi aos poucos dando lugar ao racionalismo e humanismo da Renascença, período marcado pelo Renascimento Cultural.

Esta fase, entre os séculos XIV e XVI, resgatou aspectos filosóficos, artísticos e científicos da Grécia antiga. Mas não excluiu totalmente os valores católicos.

Naturalmente, este cenário influenciou a produção musical, representando uma nova etapa na história da música.

Houve maior sofisticação nas composições. Além disso, técnicas como a polifonia, surgida no fim da Idade Média, desenvolveram-se ainda mais.

Destaque para o compositor Joaquin des Prez, maior representante da escola franco-flamenga – um dos movimentos musicais da Renascença – e um mestre do contraponto e da polifonia.

Também teve grande relevância o compositor Giovanni Pierluigi da Palestrina, considerado por muitos estudiosos como o principal nome da música renascentista.

A história da música erudita do Barroco ao Romantismo

desenho homem antigo tocando violino - história da música

A partir do século XVII, a música ocidental, mais especificamente a erudita, evoluiu ainda mais em complexidade.

Novos instrumentos e estruturas musicais foram desenvolvidos, ao mesmo tempo em que surgiram grandes compositores que se eternizaram no tempo.

Podemos citar, nesse contexto, três etapas:

  • Música Barroca: trouxe como grande contribuição a música tonal, com uso de tríades e funções harmônicas, características ausentes na música modal. Mesmo hoje, o repertório da música ocidental é quase todo baseado na música tonal.

    O período da música barroca também é marcado pelo uso ostensivo dos ornamentos, como mordentes, trinados e apogiaturas. O grande representante desse movimento musical é Johann Sebastian Bach.
  • Classicismo: nesta fase ocorreu o advento do piano, sendo possível aos instrumentistas executarem as peças com dinâmica entre sons suaves e fortes. As obras musicais, por sua vez, prezavam pela maior simplicidade em relação à música Barroca.

    Vale citar, ainda, o surgimento dos quartetos de cordas, as sinfonias e os concertos. Alguns dos grandes expoentes dessa época foram Mozart, Schubert e Beethoven.
  • Romantismo: as obras desse período davam ênfase às emoções. Era importante que as peças musicais transbordassem sentimentos, sem tanta preocupação com questões meramente estéticas.

    Alguns dos maiores compositores da época foram Chopin, Tchaikovsky, Verdi e Strauss.

A música moderna

mesa de DJ uma tendência da música moderna

As manifestações artísticas do século XX foram marcadas pelas experimentações e maior flexibilidade na forma de se expressar. E isso também se fez presente na história da música moderna.

Na música erudita, por exemplo, houve quebra de paradigmas, com as músicas atonal e dodecafônica, mas sem um rompimento definitivo com a tradição deixada pelos grandes compositores dos períodos Barroco, Clássico e Romântico.

A música popular, por sua vez, ganhou muitos estilos, como o jazz, o rock, o pop, o hip hop, o funk, o samba, a bossa nova, o sertanejo universitário e tantos outros gêneros musicais e subgêneros.

Com o desenvolvimento das novas tecnologias, como a reprodução e gravação de sons, a música se tornou um objeto de consumo massivo, sendo disseminada a um grande público.

O advento da televisão e do cinema – e, mais tarde, da Internet – serviu para amplificar essa tendência.

O crescimento da indústria fonográfica, por sua vez, possibilitou a vários artistas se tornarem celebridades mundiais, a exemplo de Elvis Presley, Beatles, Michael Jackson e tantos outros.

Ao mesmo tempo que o acesso à música foi facilitado, muita coisa de gosto duvidoso passou também a ser produzida.

Seja como for, temos hoje um grande privilégio em relação aos nossos antepassados: a música é muito mais acessível e democrática, não importa o gênero.


Então você gostou de conhecer um pouco sobre a história da música? Conta pra gente no campo de comentários aqui abaixo! Será um prazer conversar com você.

Obrigada por prestigiar nosso trabalho. Um abraço e até a próxima!

About Luciana Amaral

Luciana Amaral é cantora profissional, jornalista, revisora e redatora freelancer. Já participou de vários cursos de canto, como o Modern Mix Voice, do professor Caio Freire; Solte Seu Belting, do professor André Barroso; Canto Popular, durante o Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (Civebra); e Congresso Online de Voz Cantada, realizado pela Faculdade Novo Horizonte e pela professora Flávia Caraíbas. https://www.instagram.com/luciana.amaral_cantora/

2 thoughts on “Viaje pela história da música: da pré-história à atualidade

  1. Cara Luciana, me chamo Marcílio Oliveira e sou estudante de teologia, músico amador e achei o seu artigo sensacional, por favor gostaria muito de saber as referências que você usou para produzi-lo.
    Obrigado!

    1. Olá, Marcílio, tudo bem? Obrigada pelo feedback. Respondi sua dúvida no e-mail informado. Continue conosco! Estamos sempre nos esforçando para trazer conteúdo de qualidade. 🙂

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