Beatbox: conheça a arte da percussão vocal

Já pensou fazer todos os sons de uma bateria com a boca? Pois isso é perfeitamente possível. Estamos falando do chamado “beatbox”, uma técnica que possibilita à voz realizar todas as nuances e efeitos sonoros de um instrumento percussivo.

E não se limita à performance rítmica. O beatbox inclui também algumas distorções vocais, reproduzindo efeitos eletrônicos e sons diversos.

Neste artigo vamos entender melhor o que é esse canto percussivo ou percussão vocal, mostrar aspectos históricos e dar algumas dicas para você começar a brincar com sons que, talvez, nunca tenha imaginado fazer.

Vamos lá?

História do beatbox

homem praticando beatbox

Técnica que ganhou enorme popularidade ao longo dos anos, o beatbox é relativamente recente, podendo ser traduzido literalmente como “caixa de batida”.

Surgiu na década de 1980, nos guetos novaiorquinos, como um jeito inovador de fazer percussão, sem depender de instrumentos. O hip-hop foi um dos gêneros que mais se aproveitou dessa vertente.

O rapper Biz Markie, com o hit “Vapors”, regravado por Snoop Dog, foi um dos principais difusores dessa arte, tendo ajudado a ampliar o repertório de possibilidades no beatbox.

O grupo Fat Boys e, principalmente Doug E. Fresh, um dos pioneiros do método, também cooperaram de forma determinante na disseminação da percussão vocal.

Já em 1999, Rahzel, do grupo The Roots, contribuiu enormemente para o avanço do canto percussivo com o lançamento do álbum “Make the Music 2000”.

No Brasil, destaca-se o rapper Fernandinho BeatBox, considerado o principal beatboxer do País. Além de seus shows e gravações como músico, ele ministra workshops em diversos projetos culturais.

Também vale salientar o trabalho do projeto Super Beatbox, que realiza batalhas-show de beatbox pelo País.

Os espetáculos duram de 30 a 60 minutos, utilizando essa forma de expressão musical em variados estilos, como o pop, funk, soul, música eletrônica, hip-hop e até música clássica. Ao final, o público escolhe qual beatboxer mais lhe agradou.

Pela liberdade que proporciona musicalmente, o beatbox atingiu tal popularidade, que existem competições oficiais no ramo, tanto nacionais quanto mundiais, mostrando a força e o potencial do canto percussivo.

O beatbox em vários gêneros musicais e no canto à capella

Como você pôde perceber, ao conhecer um pouco a respeito do projeto Super Beatbox, a percussão vocal não se resume ao hip-hop, podendo ser uma ferramenta interessante em arranjos de composições que vão do pop à música clássica.

Vemos exemplos dessa técnica até no jazz, como é o caso do norte-americano Bobby McFerrin, que ficou famoso mundialmente com o hit “Don’t Worry, Be Happy”.

Os conjuntos de canto à capella, por sua vez, estão atualmente entre os que mais utilizam a percussão vocal em vários gêneros musicais. Geralmente, um dos integrantes de cada um desses grupos é um beatboxer, que faz a função que seria destinada aos instrumentos.

Entre os conjuntos à capella mais famosos a utilizarem a percussão vocal estão o Pentatonix, o Voca People e o Naturally 7.

No vídeo abaixo, você pode conferir uma performance focada nos recursos do beatbox, realizada pelo grupo Naturally 7. Há imitação de sons percussivos da bateria e de outros instrumentos musicais, desde o trompete até a guitarra:

Beatbox além da música

A percussão vocal, pela sua versatilidade, já foi utilizada também em outros ramos do entretenimento e até na educação.

Nos anos 80, o ator Michael Winslow, conhecido como o “Homem dos 10.000 Efeitos Sonoros”, ficou famoso nos filmes da franquia “Loucademia de Polícia” como o policial Larvell Jones.

Sua capacidade de imitar os mais diversos sons com perfeição, desde o chiado de um rádio a animais, fenômenos da natureza e, é claro, instrumentos musicais como a bateria, rendeu notoriedade ao comediante tanto no cinema quanto na televisão.

Recentemente, em 2021, ele participou do reality show America’s Got Talent, chegando às semifinais do programa graças à sua incrível habilidade vocal.

No Brasil, o beatbox serviu de ferramenta para ensinar física a alunos do Ensino Médio. Isso mesmo.

A International School of Curitiba (PR) fez uma parceria com a School of Beatbox, do beatboxer britânico Danny Ladwa, para uma série de workshops online.

Nas aulas, vários conceitos da física foram ensinados utilizando a percussão vocal. E essa abordagem deverá se estender para a matemática, em uma escola de Londres.

Três exercícios básicos de beatbox

Dois adolescentes treinado beatbox

O domínio das técnicas passa pela boa noção rítmica e ajustes no trato vocal para a produção dos sons desejados. Não é algo que se aprende da noite para o dia. É preciso praticar bastante, para extrair os sons que sejam os mais fiéis possíveis aos de um instrumento percussivo.

Aqui, vamos propor três exercícios bem básicos, para iniciantes.

Em primeiro lugar, tenha em mente essas letras abaixo, que vão representar os sons de peças específicas da bateria:

  • B = Bumbo
  • T = Chimbau ou Hi-hat (um dos pratos da bateria)
  • K = Caixa

O “B” terá, na realidade, som de “puh”, produzido apenas com os lábios como um estalo. O “T” se assemelha a um “ts”, feito com a língua próxima aos dentes. Já o “K” é um tipo de estalo produzido pelo contato da língua com o palato mole.

Faça as duas sequências a seguir. Os espaços entre as letras referem-se às pausas. Se as letras estiverem juntas, é porque não há qualquer pausa entre elas:

  • B  K BK
  • BTK BK
  • BBT K   BK

Sites para começar a aprender hoje mesmo

Homem cantando em um fundo escuro com as mãos sobre o microfone

Mas caso queira aprender para valer, vale a pena conferir o que oferecem os sites abaixo:

  • Super Beatbox – Já falamos acima um pouco sobre esse projeto brasileiro. Além das batalhas-show, a iniciativa também promove “aulas-show” pelo País, ensinando o beatbox de uma forma lúdica e divertida. O site traz os contatos dos organizadores, para que você possa trazer a aula-show para a sua cidade.
  • School of Beatbox – Caso você não tenha problemas em entender inglês, o projeto do britânico Danny Ladwa disponibiliza aulas on-line. Há uma opção gratuita, com sete aulas para aprendizado dos sons básicos. Mas, se preferir, você pode desembolsar de 39 a 489 euros, dependendo do curso escolhido, com acesso vitalício.
  • Seboom – Este site austríaco disponibiliza seis vídeos com acesso gratuito, contendo, cada um, uma técnica básica de beatbox. Além disso, há o acesso premium, em que você escolhe pagar 9,90 dólares por mês ou 99,90 dólares por ano. Em ambas as opções o site oferece sete dias gratuitos para você experimentar as aulas sem compromisso.

Aplicativos de beatbox

E se você quiser descobrir mais sobre as possibilidades do beatbox, existem dois aplicativos interessantes para baixar no seu celular. Confira:

  • Incredibox: a vantagem desse app é o fato de ter versões disponíveis tanto para o computador quanto para o celular. Trata-se de um jogo musical, em que você comanda um grupo de beatboxers e cria diversas possibilidades de mixagens. O app permite que você ative todos os beatboxers ou apenas alguns, sendo que cada um executa um som diferente. Você escolhe e pode, ainda, salvar a mixagem criada e até compartilhá-la, para receber votos. Os mais votados entram no Top 50 do Incredibox. Na versão gratuita já é possível brincar bastante com os sons disponíveis, mas há também uma versão paga, com mais recursos.
  • Beatbox Ringtones: este app gratuito traz 25 percussões vocais diferentes para você colocar como toque no seu celular. É só escolher o seu som favorito.

E então? Já está animado para iniciar na arte do beatbox? Conte para a gente um pouco de sua experiência. Até a próxima!

About Luciana Amaral

Luciana Amaral é cantora profissional, jornalista, revisora e redatora freelancer. Já participou de vários cursos de canto, como o Modern Mix Voice, do professor Caio Freire; Solte Seu Belting, do professor André Barroso; Canto Popular, durante o Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (Civebra); e Congresso Online de Voz Cantada, realizado pela Faculdade Novo Horizonte e pela professora Flávia Caraíbas. https://www.instagram.com/luciana.amaral_cantora/

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