Força, tônus, potência, corpo: estas são algumas das características principais da voz de peito, chamada tecnicamente de registro denso.
Apesar do nome, não se trata de um som produzido no peito. O termo diz respeito apenas a uma sensação.
Na realidade, a voz é gerada na laringe. O fluxo de ar durante a expiração exerce pressão sobre as pregas vocais (pressão subglótica), que vibram e produzem o som fundamental. Este som é, então, moldado e amplificado no trato vocal ou “shape”.
A voz de peito integra um registro vocal maior, o modal, o qual abarca, além do denso, outros dois registros: médio e tênue (voz de cabeça).
Mas como desenvolver corretamente a voz de peito?
É o que iremos esclarecer e desmistificar nesse artigo.
Fisiologia da voz de peito
Já falamos algumas vezes neste blog sobre registros vocais e, ainda, a respeito dos músculos intrínsecos da laringe envolvidos no canto. Vamos, então, relembrá-los rapidamente.
Registro vocal consiste em um determinado intervalo de sons executado com mecanismo semelhante.
Ou seja, se você sentir necessidade de mudar o mecanismo para atingir determinada nota, é sinal de que está havendo transição entre registros.
Esse processo tem o protagonismo de dois músculos laríngeos: o tireoaritenoideo interno (TAi) e o cricotireoideo (CT).
Pois bem: na voz de peito, o TAi atua de forma predominante. Seu papel é deixar as pregas vocais bem curtas e densas – daí o nome “registro denso”.
É um músculo de força, enquanto o CT é de resistência e mais relevante nas notas agudas.
Há, portanto, maior volume de massa vibratória no registro denso. As pregas normalmente estão bem aduzidas e o resultado é um som bem encorpado.
Conforto na emissão da voz de peito
A voz de peito é considerada “confortável” para o cantor. Afinal, é nessa região que se situa a voz falada.
Faz parte, portanto, do dia a dia de todos nós. Estamos sempre utilizando a voz de peito, seja para conversar ou para cantar.
Inevitavelmente você vai precisar desse registro para interpretar canções nacionais e internacionais.
A voz de peito, como já explicamos, permite emissões mais encorpadas e com densidade.
O que não quer dizer que você precise fazer força para executá-la. Pelo contrário.
Em muitas músicas, o uso do registro denso é predominante, o fio condutor do canto.
Mas a melodia pode ter, vez ou outra, notas pouco ou muito agudas, o que exige o uso dos registros médio e tênue.
Aprender a cantar significa, entre outras coisas, o domínio desses registros e saber conectá-los.
Essa alternância entre voz de peito, registro médio e voz de cabeça é fundamental para o desenvolvimento de sua extensão vocal.
Técnica e coordenação
Por abarcar a região de fala, seja qual for o timbre da pessoa, não é difícil fazer a voz de peito. Todos conseguem emitir sons naturalmente nesse registro.
As dificuldades do canto, neste caso, dizem mais respeito à afinação propriamente dita, fluxo de ar na medida certa e molde do trato vocal.
É importante que todo esse conjunto esteja bem coordenado e isto requer exercícios específicos, para que o cantor consiga projetar sua voz de maneira adequada, firme e sem hesitações.
Conheça suas dificuldades no canto
A voz de peito é o primeiro passo para a melhor compreensão dos registros vocais.
É a partir disso que alunos de canto aprendem a desenvolver sua propriocepção, ou seja, passam a perceber onde estão suas principais dificuldades.
Se houver uma emissão correta, sem excesso de força, ficará mais fácil desenvolver questões mais complexas no aprendizado do canto, como as conexões com outros registros.
Afinal, de nada adianta ficar “preso” apenas à voz de peito para cantar. Isto tornaria o canto extremamente limitado.
É preciso sair da zona de conforto, ou seja, transitar do TA para o CT, conectando graves e agudos sem “quebras” nas regiões de passagem.
A palavra-chave, portanto, é: equilíbrio! A voz de peito deve ser sim, firme e densa, mas sem excessos. Muito peso na voz dificulta o acesso aos agudos.
Postura e respiração saudáveis na voz de peito
Para cantar de maneira firme e saudável no registro denso, você precisa, antes de mais nada, ter um bom controle do fluxo aéreo. E isto vale também para a técnica vocal como um todo.
Primeiramente, preste atenção em sua postura, que deve ser ereta. Mantenha os ombros relaxados e o osso esterno voltado para fora.
Na hora de inspirar, você pode direcionar o ar buscando tanto a expansão das costelas (respiração intercostal) quanto do abdômen (respiração abdominal ou diafragmática).
O importante é que seja um processo o mais natural possível e nenhuma região do corpo fique tensa.
Entenda: a maioria das pessoas já respira de forma correta. O que não quer dizer que todas elas cantem bem.
Afinal, a técnica vocal não se resume à respiração. É apenas um aspecto dentro de um conjunto de elementos envolvidos no canto.
Os exercícios voltados ao controle do fluxo aéreo devem ter como foco a conversão do ar em som.
Isto implica em fortalecimento da musculatura laríngea, pressão subglótica suficiente e o molde do trato vocal. Uma coisa não pode ser dissociada da outra.
Exercícios para voz de peito
Aqui, propomos três exercícios básicos, pensando no controle do fluxo de ar e a busca do equilíbrio na emissão da voz de peito.
Porém, para um desenvolvimento de sua voz como um todo, busque orientação junto ao seu vocal coach.
1 – Som de “V”
Som de “v” em isometria – Assim como o “z” e “j”, o “v” é uma consoante fricativa, ou seja, é emitida com bloqueio parcial do fluxo aéreo.
Faça o som da consoante em nota grave, mas confortável. Mantenha a emissão de forma prolongada, tentando não sair da nota escolhida para o exercício.
Quando o fôlego acabar, inspire e faça novamente. O exercício deve durar cerca de 3 minutos.
É bastante útil para o controle do fluxo de ar. As oscilações na voz são comuns durante a execução.
Não pare por causa disso. De preferência, faça diariamente, para melhores resultados.
2 – Som de “E”
“E” em escala de cinco tons – Se sua emissão vocal for muito tênue e soprosa, o desenvolvimento de uma boa voz de peito se faz ainda mais necessário.
Cante a vogal “e” partindo de uma nota grave, numa escala de cinco tons ascendente.
Durante a emissão, erga levemente o pescoço e mantenha a ponta língua acima do lábio inferior. A cada execução, suba um semitom e continue até onde conseguir. Não force e nem esgoele.
Caso não saiba tocar um instrumento, uma dica é utilizar o app Swift Scales, que contém várias escalas com exercícios de canto.
3 – Som de “CHI”
“CHI” em escala de cinco tons – Caso você tenha excesso de peso na voz, esse exercício é para você. A ideia, como já dissemos, é buscar o equilíbrio.
Mantenha a postura ereta e a cabeça levemente inclinada para baixo. Cante a sílaba “chi” em escala de cinco tons descendente.
Comece de uma nota aguda. A cada execução, desça um semitom e continue até onde conseguir.
Os cuidados para proteger a voz
Tais precauções são essenciais, em especial, para quem vai seguir carreira de cantor.
Isso porque, eles evitam machucados na região e até que doenças se desenvolvam ao longo do tempo.
Existem medidas que quando seguidas ajudam a preservar a saúde e também a manter a voz limpa e clara.
Dessa forma, também tornam o canto mais agradável e melhoram a sua performance.
✅Beba bastante água
Procure tomar muita água em temperatura ambiente, mas em pequenos goles para não forçar a sua garganta.
Isso irá manter as pregas vocais hidratadas e flexíveis à vibração.
✅Tenha hábitos saudáveis
Manter a sua saúde garante que a sua voz de peito também esteja bem ao longo do dia.
Para isso, o ideal é ter uma rotina completa que envolva exercícios, alimentação e boas noites de repouso:
- Procure comer alimentos frescos e orgânicos, mastigando-os bem;
- Tente seguir uma boa rotina de sono, com pelo menos 6 horas de descanso;
- Mantenha a prática de fazer atividades físicas ao menos três vezes na semana.
✅O que evitar para manter a sua voz saudável
Existem inúmeros fatores que podem alterar a qualidade da voz, por isso, é importante conhecer os mais comuns e evitá-los.
Deste modo, os principais deles você confere logo na lista a seguir:
- Fumar cigarro ou qualquer outro tipo de droga;
- Mudanças bruscas de temperatura;
- Consumir bebidas alcoólicas;
- Uso de sprays;
- Tomar café e refrigerante;
- Ambientes com fumaças;
- Bebidas geladas;
- Comidas gordurosas;
- Gritar.
A importância da voz de peito
Dominar esse tipo vocal é essencial para quem quer entender cada vez mais sobre os registros vocais.
Esta é uma das técnicas mais utilizadas no canto e que ajuda a entender melhor sobre seus limites. Por isso, serve de base para as demais práticas.
É fundamental que você sempre busque o acompanhamento profissional de um professor e um fonoaudiólogo.
Isso porque, eles têm o conhecimento necessário para te guiar e evitar possíveis lesões.
Sendo assim, veja nossa indicação de melhores cursos de canto online e comece hoje mesmo a estudar a praticar.
Obrigada por nos prestigiar, volte sempre.
Li e gostei bastante do conteúdo que é muito esclarecedor e instrutivo.
Obrigado.
Olá Miguelângelo,
Que bom que você gostou! Isso nos motiva a continuar!
Obrigada pela participação!