“My love, there’s only you in my life, the only thing that’s right”. Sabe dizer de qual composição veio este verso? Se você pensou em “Endless Love”, então, acertou na mosca! A música em questão ficou eternizada nas vozes de Lionel Richie e Diana Ross.
Assim como essa canção, várias outras composições já foram feitas nesse formato, chamado de “dueto”. Trata-se de um jeito eficiente de unir talentos e incrementar as obras musicais.
Ao longo deste artigo, vamos mostrar alguns exemplos de duetos vocais que foram bem-sucedidos nas rádios – como foi o caso de “Endless Love” –, assim como outras possibilidades de se fazer dueto na música.
Certamente será uma boa oportunidade de despertar sua memória afetiva e viajar no tempo rumo àqueles sucessos que mexeram com suas emoções.
Definição e aspectos históricos do dueto musical
O significado de dueto ou duo é muito simples: refere-se a peças musicais que são executadas por dois músicos. Podemos ter, neste caso, dois cantores, dois instrumentistas, ou mesmo um cantor e um instrumentista. Tudo vai depender do arranjo musical e da estética que se pretende transmitir ao público.
É importante frisar que a opção pelo dueto na execução musical está longe de ser algo recente. Na verdade, tem uma tradição secular.
Historicamente, durante o período renascentista e início da Música Barroca, existia o chamado “bicinium”, uma composição feita para duas partes vocais ou instrumentais.
O termo foi empregado pela primeira vez na Polônia e depois se espalhou para outros lugares como um método de ensino do canto e do contraponto. Afinal de contas, didaticamente seria mais fácil ensinar em duetos do que em grupos maiores.
As composições feitas para duetos desempenharam papel fundamental na preparação tanto de músicos profissionais quanto amadores.
Somente na Itália havia mais de 60 publicações voltadas a duos vocais e instrumentais, as quais foram utilizadas no ensino da teoria e prática musical durante cerca de 250 anos.
Duetos com piano na música erudita
Na música erudita temos muitos exemplos de composições no formato dueto. É possível estabelecer duos com os mais variados instrumentos, mas vamos nos ater aqui ao piano e algumas de suas diversas combinações, para mostrar didaticamente como funcionam os duetos.
Há peças musicais voltadas a dois pianistas tocando uma obra em dois pianos diferentes, e o piano a quatro mãos, quando dois pianistas tocam a mesma peça em um único instrumento.
Grandes compositores como Amadeus Mozart, Franz Schubert, Johannes Brahms, Joseph Haydn e Tchaikovsky criaram diversas peças para piano a quatro mãos. Outros fizeram adaptações de seus próprios clássicos para esse formato, como Debussy e a sua icônica composição “Suite Bergamasque”.
A dupla de irmãos holandeses Arthur e Lucas Jussen estão entre os nomes da atualidade que se destacam no piano a quatro mãos. Os dois tocam juntos desde a infância e já se apresentaram em vários países, incluindo o Brasil. Algumas das peças executadas aqui foram “Concerto para Dois Pianos em Ré Menor”, de Francis Poulenc, e “A Sagração da Primavera”, de Igor Stravinsky.
Também temos arranjos de piano com outros instrumentos musicais. O clarinetista Jairo Wilkens, por exemplo, gravou com a pianista Clarice Ortigara o álbum “Duo Palheta ao Piano”, com composições exclusivamente brasileiras criadas por Oswaldo Lacerda, Marlos Nobre, Lindembergue Cardoso, Harry Crowl e Liduino Pitombeira.
Dueto instrumental na música popular
Na música popular também vemos exemplos de duetos instrumentais. O bandolinista Hamilton de Holanda realizou notáveis parcerias com o violonista Yamandu Costa em shows pelo País.
Já o dueto Mandrágora, formado por Daniel Sarkis e Jorge Brasil, tem explorado diversas sonoridades dos violões de seis e 12 cordas, encantando plateias em várias cidades brasileiras e do exterior.
Vale citar, ainda, PC Guimarães e Natália Mitre, que promovem o inesperado e envolvente diálogo entre guitarra e vibrafone, com o Duo Foz. Os dois venceram, em 2021, o Prêmio BDMG Instrumental, um dos mais importantes no Brasil, além de serem reconhecidos pela produção do melhor arranjo do ano com a versão da música “Drão”, de Gilberto Gil.
Duetos vocais que fizeram muito… muito sucesso!
Como você pôde perceber, é possível fazer grandes arranjos com duos instrumentais. Mas foram os duetos vocais que atingiram um público muito mais expressivo. Isto, é claro, com o apoio financeiro e o marketing massivo da indústria musical.
Já citamos, no início deste artigo, a composição “Endless Love” como exemplo de dueto bem-sucedido.
Composta por Lionel Richie, a música foi considerada pela Billboard, em sua versão original, como o “maior dueto de todos os tempos”, sendo incluída na trilha sonora de filme homônimo. “Endless Love” foi também o maior single da carreira de Lionel Richie e de Diana Ross.
Vamos citar, agora, outros exemplos de duetos vocais que estouraram nas paradas de sucesso. Confira:
Joe Pizzulo e Leza Miller:
A dupla foi responsável por interpretar, em 1983, a versão de maior sucesso da música “Never Gonna Let You Go”, composição de Cynthia Weil e Barry Mann, com arranjo do pianista brasileiro Sergio Mendes.
A canção alcançou a quarta posição no Hot 100 da Billboard e já havia sido gravada por Dionne Warwick e Stevie Woods em 1982.
Peter Cetera e Amy Grant:
A parceria entre o ex-vocalista da banda Chicago e a cantora gospel norte-americana rendeu um dos duetos mais bonitos da década de 1980.
“The Next Time I Fall”, gravada em 1986 para o álbum solo de Cetera, “Solitude/Solitaire”, conquistou o primeiríssimo lugar no Hot 100 da Billboard e recebeu indicação ao Grammy como “Melhor Performance Pop por um Duo ou Grupo com Vocais”.
Em 2020, mais um reconhecimento da Billboard: a música entrou na lista dos 25 melhores duetos de canções românticas pop.
Joe Cocker e Jennifer Warnes:
A voz rouca e marcante de Joe Cocker, aliada ao timbre suave de Jennifer Warnes, resultou no sucesso “Up Where We Belong”. O hit romântico foi música-tema do filme “A Força do Destino” (1982), tendo ganhado o Oscar de Melhor Canção Original em 1983.
Bill Medley e Jennifer Warnes:
Novamente, temos Jennifer Warnes arrasando em outro dueto, desta vez com Bill Medley, para a trilha sonora do filme “Dirty Dancing”. O hit “(I’ve Had) The Time of My Life”, gravado em 1987, levou também o Oscar de Melhor Canção Original.
Gwyneth Paltrow e Huey Lewis:
E já que estamos falando de duetos vocais, nada melhor que citar o sucesso “Cruisin’”, que a atriz Gwyneth Paltrow cantou com o músico Huey Lewis no filme “Duets – Vem Cantar Comigo” (2000).
O longa-metragem, para fazer jus ao nome, trouxe também outros duetos, como Gwyneth Paltrow e Babyface interpretando o clássico “Just My Imagination”; e Paul Giamatti e Arnold McCuller cantando “Try a Little Tenderness”.
Jason Mraz e Colbie Caillat:
A dupla gravou em 2009 a canção “Lucky”, single que está no terceiro álbum de estúdio de Mraz, “We Sing. We Dance. We Steal Things”. A música chegou à nona posição na Hot Adult Top 40 Tracks. Mraz e Caillat levaram, ainda, o Grammy pela “Melhor Colaboração Pop com Vocais”, em 2010.
Chico Buarque e Nara Leão:
É claro que não iríamos deixar de mencionar um dueto 100% brasileiro, não é mesmo? A música “João e
Maria” foi gravada por Chico Buarque e Nara Leão em 1977, sendo popularizada principalmente pela novela “Dancin’ Days”, da Rede Globo. Curiosamente, a melodia já havia sido composta por Sivuca muito antes, na década de 1940.
Chico inseriu a letra mais de três décadas depois e a canção se tornou um clássico da MPB.
Nando Reis e Roberta Campos:
Esta dupla fez uma das parcerias mais bem-sucedidas da música brasileira. Ambos compuseram e gravaram o sucesso “De Janeiro a Janeiro”, em 2008, que esteve presente na trilha sonora de nada menos que cinco novelas, além de estar entre as mais tocadas nas rádios.
Samuel Rosa e Fernanda Takai:
Os dois participaram de bandas mineiras de sucesso – Skank e Pato Fu – e resolveram unir seus talentos na gravação de “Pra Curar Essa Dor” (2014).
A música é uma versão em português de “Heal the Pain”, de George Michael, e faz parte do álbum “Na Medida do Impossível”. Neste trabalho, Fernanda Takai fez também duetos com Zélia Duncan e Pe. Fábio de Melo.
Obviamente, não é possível citar todos os duetos vocais de sucesso em um breve artigo. Porém, numa simples análise já é possível perceber o quanto a década de 1980 foi importante, nesse sentido.
Alguns dos melhores duetos da música pop surgiram nessa época, conquistando várias indicações e prêmios. E um dueto, quando bem realizado, é e sempre será inesquecível.
E você? Tem algum dueto vocal ou instrumental de sua preferência? Comente abaixo. Em breve, postaremos mais artigos sobre diversos assuntos envolvendo o fascinante universo da música. Fique com a gente!