Cantar com microfone – Domine essa técnica

Cantar com microfone pode ser um pesadelo para muita gente. Alteração da percepção da voz, destaque de falhas e ruídos assustam principalmente os iniciantes.

No entanto a amplificação é uma das coisas mais naturais na música de espetáculo. Seja um show de barzinho, um recital ou solo de coral, sempre haverá um microfone.

Isso ocorre porque tais apresentações não são para públicos pequenos. Ainda, diferentemente do passado, os espaços não são mais acusticamente preparados.

Por isso, vamos juntos desfazer os fantasmas que podem te desmotivar. Aprenderemos sobre equalização e técnicas específicas para conseguir bons resultados ao cantar com microfone.

Vem comigo?

Você não ouve sua voz como todo mundo

Dicas de como cantar bem com microfone

Pode parecer estranho, mas é a mais pura verdade: o dono da voz a escuta de modo totalmente diferente das outras pessoas.

Este fato deve-se à interferência de nosso próprio corpo na audição. Pois a grande maioria dos sons vêm de fora. No entanto nossa voz começa dentro do corpo.

Enquanto falamos, não apenas o ar está vibrando. Nossos órgãos também estão. E estão, junto, os ossos a vibrar.

Cada uma dessas vibrações termina por modificar o que, no final, recebemos de retorno. O cérebro, então, trata todo esse conjunto de estímulos como coisa única.

Uma outra pessoa, ao ouvir nossa voz, apenas capta as vibrações do ar. Ela, e todas as outras pessoas, a escutarão basicamente do mesmo jeito.

Ao cantar no microfone, acabamos tendo certo cancelamento das outras vibrações. O resultado é nos ouvirmos como todo mundo ouve. E, talvez, soe estranho.

Contudo não se aflija: essa, que você ouve ao cantar com microfone, é sua voz real. Você deve se acostumar com ela para poder trabalhar em qualquer ponto fraco.

Desse esforço nascerá seu profissionalismo. E, com toda certeza, o público agradece por seu empenho na demanda.

Cantar com microfone: entendendo o básico de amplificação

É importante conhecer alguns conceitos fundamentais da amplificação para evitar erros comuns. Quando sabemos com o que lidamos, temos sempre novos caminhos a experimentar.

Ocorre que a amplificação nada mais é que a captura das vibrações produzidas pelo som. Nossa voz, neste caso, é o que o microfone busca captar.

Entretanto a questão não acaba no capturar e reproduzir. Cada componente tem uma função na amplificação.

Peguemos um cenário bem básico, comumente presente num barzinho, igreja ou recital. Teremos:

Em algumas situações, a mesa e a caixa estarão no mesmo dispositivo. Amplificadores costumam ser assim, pois facilitam amplificar um violão e um microfone. Porém a ideia não se altera.

Neste cenário, o microfone tratará de captar os sons e os enviar para a mesa. Na mesa, ocorrerá o que chamamos “equalização”. Por fim, a caixa reproduzirá a soma dos dois primeiros atos.

Encurtando o pensamento, não temos simplesmente “reprodução da voz” com mais volume. É possível equilibrar ou compensar certas características do som. O ato de cantar no microfone, por tal, poderá engrandecer nossa execução.

Assim, se não há um profissional de PA ou técnico de som, não se preocupe. Caso o som esteja “esquisito”, basta regular as frequências conseguindo os melhores resultados.

Passemos a aprender como fazê-lo na prática.

A importância da equalização ao cantar com microfone

cantar no microfone

Já se deparou com um som feio saindo das caixas? Muito abafado, muito estridente ou cheio de “puff-puffies”? Se sim, sabe quão terrível é para plateia essa experiência.

Há vários fatores que podem gerar esses efeitos negativos. Má qualidade dos equipamentos. Saturação dos falantes. Um cabo com defeito.

Todavia a causa mais comum, nestes casos, é má equalização das frequências.

Na mesa ou amp do exemplo, normalmente teremos os seguintes controles fundamentais:

  • Volume: quão forte o som deve sair — e falamos de volume mesmo, como aquele da TV;
  • Ganho: quão aberto está o sistema para receber sinal elétrico, o que afeta certas frequências;
  • Agudos (Treble): abertura ou não de frequências agudas (chamadas de altas);
  • Médios (Middle): o mesmo, porém com frequências intermediárias;
  • Graves (Bass): lidando com frequências graves (ou baixas);
  • Eco (Reverb): um efeito que simula eco, para compensar sustains e embelezar a voz.

Repare que “alto” e “baixo” não diz respeito a volume. Estamos falando da captação pelos ouvidos.

Um apito de juiz de futebol soa numa frequência alta, aguda. O latido de um cão grande costuma soar em frequências baixas, ou seja, é grave.

Ao cantar no microfone, todas essas variáveis devem ser consideradas na equalização. Mesas mais sofisticadas possuirão, ainda, outros controles. Mas foque no fundamental.

Volume e ganho

Embora o ganho esteja mais presente em amplificadores de instrumentos, o volume é uma constante.

Cantar no microfone com volume muito baixo não faz qualquer sentido. As pessoas praticamente ouvirão tanto quanto sem que usasse o aparato.

Entretanto utilizar cantar no microfone com volume muito alto pode gerar complicações. Além das óbvias microfonias, podem ocorrer saturações e até danos permanentes nos equipamentos.

E, claro: não preciso dizer que poderá afetar a audição dos presentes. Por isso é importante saber dosar.

Ambiente muito barulhento, volume mais alto. Silencioso, volume mais modesto.

Sobre o ganho, se houve, tome cuidado: muito sinal pode provocar distorções nos picos. Pico diz respeito a quando subimos muito a frase melódica ou baixamos demais.

Sendo pontos fortes de qualquer canção, prove e se certifique de que a experiência do ouvinte é satisfatória.

O conceito de flat na equalização de frequências

Diferentemente dos controles de volume, Agudos, Médios e Graves não começam no zero. Este, na verdade, repousa na metade do caminho.

Do meio para trás, há o cancelamento das frequências. Do meio até o fim, sua superexposição.

Aqui, nasce um conceito muito importante para quem vai cantar no microfone. Ele se chama “flatness”.

Um som flat (ou seja, plano) soa tão parecido quanto possível com o som real. Quanto melhores os equipamentos, mais flat será o resultado reproduzido.

Dessa forma, uma boa equalização começa com todos os controles no meio. Agudo, Médios e Graves. Do ponto de início, gire-os todos para a posição central.

Isso feito, começar a cantar com microfone e ouvir como soa. Essa é sua voz como todos ouvirão.

Graves, Médios e Agudos

cantar no microfone

Estas três regulagens são as mais importantes. Por isso, nos concentraremos bastante nelas.

Tendo a percepção clara do som flat, podemos reconhecer o que está faltando ou sobrando. E agora, sim, começa o trabalho pesado.

Os agudos

Sopranos costumam concentrar a maior parte do canto nos agudos. Ao cantar com microfone, é preciso entender o que se espera.

Se o estilo pede brilho, será preciso engrandecer a captação de agudos. Este trabalho depende de muitas questões. Por isso é importante passar o som e identificar quanto dos agudos abrir.

Caso profundidade e escuridão sejam preferíveis, é aconselhável atenuar agudos. O som ficará mais abafado, promovendo outras frequências.

Os graves

 Baixos e barítonos costumam já carregar muito grave naturalmente. Ao cantar com microfone, essas frequências podem ficar exageradas.

Em casos assim, é importante ouvir os picos e identificar distorções. Caso ocorram, cancelar o baixo pode ser uma saída inteligentíssima.

Já quando falamos de tenores e altos, certa profundidade pode ser desejada. Nessas situações, destacar os graves dará mais peso e tensão ao cantar com microfone.

Médios: o corpo da música

Ao cantar com microfone, queremos toda a música soe bem. Não é desejável que apenas os picos fiquem bom. Se for assim, a maior parte das canções acabará soando morta e apagada.

Sabendo disso, vale destacar que os médios em flat costumam funcionar bem em todas as situações. No entanto, havendo necessidade de engrandecer as frequências imediatas, não hesite em fazê-lo.

Apenas tome cuidado: médios cancelados podem apagar a música. Porém superexposição pode metalizar os sons. Sobriedade é regra de ouro na equalização dos médios.

Usar o eco ao cantar com microfone

Eco é um efeito muito sutil e valioso ao cantar com microfone. Sem exageros, ele embeleza os finais de frases melódicas e suaviza a audição.

Canções calmas e lentas se beneficiam muito deste efeito. O mesmo vale para discursos tranquilos e recitações.

No entanto tenha em consideração que, como tudo, eco em excesso enjoa. Além de parecer artificial, muito eco pode deixar a audição cansativa.

Cantar com microfone usando eco deve ser uma escolha acertada. Por tal, regule com muito carinho e atenção. Novamente, mais vale a sobriedade.

Atentando-se ao posicionamento na hora de cantar com microfone

Há certos elementos que podem abrilhantar sua apresentação. Porém, na outra via, interferências ou atropelos tornarão o cantar com microfone numa tortura.

O primeiro ponto de atenção diz respeito ao posicionamento físico. Evite a qualquer custo estar diante de uma caixa de som. O retorno irá interferir na captação, embaralhando os sons.

Além disso, microfonias incidirão frequentemente na apresentação.

Busque cancelar todo tipo de interferência externa. Que o único elemento a ser captado, ao cantar com microfone, seja sua voz.

Perto ou longe: quando cantar com microfone próximo ou distante

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A equalização e amplificação vão buscar entregar ao máximo todas as frequências. Não se pretende ter uma parte da música muito destacada em detrimento de outras.

Por essa razão, a distância entre o cantor e o aparato pode ser determinante em momentos de apoteose.

Um momento grave, cantado longe do microfone, será pouco ou nada captado. Nesses extremos de grave, o ideal é cantar quase com os lábios encostados da grave.

Mas cuidado: apesar do isolamento, pode haver o dito “puff-puff”. Esse atropelo ocorre pelo ar batendo no diafragma do microfone. E não preciso dizer que é bastante desconfortável.

Por outro lado, frequências agudas, ao cantar com microfone muito próximo, viram estridentes. Elas podem, inclusive, produzir microfonias.

Nos agudos e agudíssimos, prefira manter distância do microfone. Isso se aplica, especialmente, nas notas mais gritadas e afetadas por drive.

A dica final ao cantar com microfone

Cantar com microfone exige, como tudo no mundo, treino. A melhor coisa a se fazer é praticar, em casa, o canto amplificado. Gravar-se também ajuda a entender o comportamento real da nossa voz.

Busque sempre identificar defeitos e exageros. Corrija-os nas aulas de canto e volte a ensaiar.

E nunca espere pela véspera da apresentação para isso. Esteja, já, acostumado com o cantar com microfone para evitar sustos, choro e ranger de dentes.

Caso não possa pagar um professor, lembre-se que há cursos online de canto.

Se gostou das dicas, não deixe de conferir nossas outras matérias. E, claro, deixe seu comentário com outros conselhos ou dúvidas que surgirem com a leitura.

Esteja sempre conosco, estudante do canto. Compartilhe essas informações com seus amigos que também querem cantar com microfone.

Até mais!

About Mário Feitosa

Músico e compositor popular, o premiado escritor Mario Feitosa é especialista em tecnologia, poeta e redator. Baixista e violonista com décadas de experiência, seu compromisso é transformar a Música em matéria universal. site: https://www.cartolaeditora.com.br/usuario/mario-feitosa/

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